# CAPELA DE S. MACÁRIO (de baixo)

No Alto de São Macário existem dois pequenos templos: São Macário de Cima e São Macário de Baixo. As duas capelas ficam a mais de 1.000m de altitude, na imponente serra de S. Macário, sítio de interesse geológico que constitui um magnífico ponto de observação da morfologia e paisagem da região oriental do maciço da Gralheira. A partir daqui é possível contemplar as serras do Montemuro, Estrela e Caramulo, e o Vale de Lafões. É também na serra de S. Macário que se encontra um dos mais peculiares Santuários de Montanha do território, constituído por duas ermidas: a de São Macário de cima, e a de São Macário de baixo, erguidas em memória de um eremita que, segundo a lenda, se tornou santo e padroeiro desta serra.
A ermida de baixo foi mandada construir pelo abade de Sul, depois de uma questão com a paróquia de S. Martinho das moitas quanto à distribuição dos rendimentos da capela de S. Macário de Cima.
A demanda foi decidida a favor do pároco de S. Martinho, ficando o de Sul apenas com o “direito de ir à ermida com uma procissão de ladainha, no dia da romaria”. 0 abade de Sul, licenciado João de Mello Abreu Falcão, não se conformou com a perda dos rendimentos e mandou edificar segunda ermida, no sitio da gruta onde, segundo a tradição, teria vivido o santo, mandando também construir junto dela uma casa para o ermitão.

Acesso ao ponto de interesse: de carro; fácil.


O culto de S. Macário naquela serra deve ser relativamente tardia, pois documentos dos inícios do seculo XII designam esta serra por “mons magaio” e “mons macario”. Em qualquer dos casos, ligam ao topónimo a ideia do culto cristão daquele santo. Admite-se que ali se teria exercido o culto pagão do deus lusitano, mais tarde romanizado, Macarius, que, segundo Leite de Vasconcelos, seria uma divindade naturalística.

LENDA DE S. MACÁRIO

Macário era filho de um rico castelão (natural de Castela), tendo uma vida preenchida de festas e prazeres, sendo que um destes era a caça que praticava amiúde com o seu pai e vassalos.Num dia aziago em que todos perseguiam um corpulento javali, Macário reteza o arco com toda a força e lança precipitadamente uma seta (=flecha) que se vai cravar no peito do seu progenitor que naquele entretanto havia surgido por detrás de uma rocha, matando-o de imediato (um certo partido político português diria que seria castigo divino por andarem a maltratar os animais selvagens!) Desesperado e louco de dor, deita a correr por vales e montes, gritando como um possesso:- “MATEI MEU PAI! MATEI MEU PAI!”Jamais alguém o terá visto na sua terra. Os seus amigos e os seus criados julgavam-no morto de desgosto. Completamente roto e desgrenhado escolheu um ermo de uma serra distante para se penitenciar. O seu abrigo passou a ser uma grande lapa (=caverna) que servira de abrigo aos animais que antes perseguia e matava. Devido à sua renúncia pelos prazeres mundanos e ao seu profundo sofrimento, Macário veio a merecer as graças de Deus. Comia raízes e gafanhotos e nos dias de neve ou geada, descia aos povoados a pedir esmola. Enchiam-lhe o bornal de pães e as brasas para o lume levava-as, ele próprio, nas palmas das mãos sem se queimar. Todos o estimavam e tinham-no como santo. * Um certo dia em que seguia para o seu tugúrio com as brasas nas mãos, surgiu-lhe no caminho uma linda moça que lhe sorriu, o que o fez parar e ter lúbricos pensamentos (eremita … eremita, mas um homem tem necessidades!) Era o demónio! De imediato as brasas lhe queimaram a mão o que o fez lançá-las fora soltando um grito de dor e arrependimento. Recolheu à sua solidão e em jejuns e orações, nunca mais o demónio teve forças para o atormentar. Macário morreu velho e em santidade! A serra onde ainda se venera, em nossos tempos, que se chamava de Monte Magaio, hoje Serra de São Macário, tem duas capelinhas onde no último domingo de julho acorrem os romeiros de toda a parte para rezarem ao Santo e apreciarem as magníficas paisagens que de lá se avistam..

(Baseado in “Lendas Lafonenses”, by CRUZ, Júlio, Clube de Ambiente e Património da Escola Secundária de Vouzela-AVIZ”, ano de 1998, página 11)